sexta-feira, 6 de março de 2009

Dança do Ventre - Origens

A origem da Dança do Ventre remonta tempos muito antigos, sobre os quais existe muito pouca ou nenhuma documentação. Muitas histórias foram criadas na tentativa de ilustrar o seu surgimento, e por isto é necessário um cuidadoso trabalho de pesquisa e muito bom senso no momento de identificar se uma informação é falsa ou verdadeira. Uma das explicações diz a Dança do Ventre teria suas origens nos rituais religiosos do Antigo Egito, onde a dança era praticada como forma de homenagear as divindades femininas associadas à fertilidade. Ela teria sido mais tarde incorporada às festas palacianas, e por fim conquistado também as classes mais inferiores. Outra versão atribui o surgimento da Dança do Ventre aos rituais Sumérios, a mais antiga civilização reconhecida historicamente. Estes habitavam, junto com os semitas, a Mesopotâmia (região asiática delimitada pelos vales férteis dos rios Tigre e Eufrates, atual sul da Turquia, Síria e Iraque). Também há indícios históricos da existência de uma dança com características semelhantes à Dança do Ventre em países como Grécia, Turquia, Marrocos e norte da África. Atualmente, no Egito, é comum haver apresentações de Dança do Ventre em cerimônias de casamento. Por vezes, os noivos desenham as suas mãos no ventre da dançarina. Isto seria uma referência ao relacionamento da dança aos cultos de fertilidade. Por razões geográficas, sua prática foi incorporada à cultura árabe, cuja versão contemporânea acrescentou a ela um ritmo mais acelerado e um clima festivo. Ela expandiu-se pelo mundo inteiro com a ajuda dos viajantes, mercadores e povos nômades (como os ciganos e beduínos), juntamente com outras características da cultura Árabe, tais como a culinária, a literatura e a tapeçaria. Em sua expansão pelo mundo, ela sofreu ao longo do tempo diversas influências, acumulando em cada região diferentes interpretações e significados. Atualmente, ela ainda se encontra em um contínuo processo de desenvolvimento, recebendo influências diversas, como por exemplo da Dança Contemporânea e do Flamenco. Independente das diversas influências, não é difícil identificar o seu estilo através de determinadas características.A Dança do Ventre Recebeu em cada região nomes diferentes: - Raqs El Sharq ou Raqs Sharqy, no Egito, (significa "Dança do Oriente" ou "Dança do Leste"), - Chiftitelli, na Grécia (este também é o nome de um ritmo comum na Turquia), - Rakkase, na Turquia, - Dance du Ventre, na França, - Belly Dance, ou Dança do Ventre, seu nome no mundo ocidental. A Dança do Ventre chegou definitivamente ao ocidente no século XIX, e atualmente é considerada uma das danças mais antigas da história da civilização. Atualmente existem inúmeras dançarinas de ótimo nível em praticamente todos os países do mundo, inclusive no Brasil. Seu poder hipnótico é devido à mágica combinação de elementos religiosos e profunda sensualidade. Seus movimentos não são numerosos, mas permitem uma grande diversidade de variações. Apesar da variedade de estilos, uma característica permanece: os movimentos de quadril, alternadamente ondulatórios e vigorosos. Sua mensagem alegre e positiva vêm conquistando gerações, que buscam preservar e difundir as suas características: sensualidade, leveza, beleza, alegria, vitalidade e expressão. Num show, além da Raqs Sharqy tradicional, acompanhada ou não de véus e Snujs (pequenos címbalos metálicos que são tocados com os dedos), é comum serem apresentados números com elementos, como a Espada, o Punhal, o Candelabro (Raqs El Shammadan), a Bengala (Raqs El Assaya), o Jarro, o Lenço, as Flores e o Pandeiro. As danças com a espada, o punhal e com o candelabro são inovações introduzidas recentemente. Tradicionalmente existem apenas as danças folclóricas da bengala, do jarro e do lenço. Algumas dançarinas chegam a apresentar-se com serpentes, como forma de resgatar os misteriosos cultos ancestrais. A serpente é um complexo símbolo que representa os princípios masculino e feminino, e também a imortalidade (tal como na imagem arquetípica em que a serpente engole a própria cauda). Os espectadores costumam demonstrar a sua admiração jogando notas e moedas sobre a dançarina e, por vezes, colocando o dinheiro em suas vestes. É interessante notar que não existe notícia de nenhuma outra dança com esta característica. Tradicionalmente, a dançarina apresenta-se descalça. Porém, desde o surgimento dos grandes espetáculos de Dança do Ventre, sobretudo no Egito e no Líbano, as dançarinas apresentam-se usando sapatos de saltos altos, talvez como uma forma de demonstrar a ascensão social desta prática oriunda do povo. Muitas dançarinas ainda preferem dançar sem os sapatos, como forma de estabelecer um contato direto com a energia da Mãe Terra. Apesar de ser uma dança folclórica, do povo, a Dança do Ventre tem envolvido desde o início do século XX grandes profissionais - dançarinos, coreógrafos, figurinistas, etc, passando a fazer parte de eventos cada vez mais sofisticados e luxuosos. Com isto, sua característica original (de prática não codificada e de improvisação) transformou-se num elaborado trabalho de produção, fruto de exaustivo treinamento e numerosos ensaios. Nos grandes festivais realizados no Egito, no Líbano e na Turquia, as mais famosas dançarinas apresentam-se acompanhadas de grandes orquestras. É necessário entender que nem todas as músicas árabes são próprias para a Dança do Ventre. Além disso, os números folclóricos exigem ritmos específicos para que sejam fiéis às suas origens, como por exemplo a Dança da Bengala (Raqs El Assaya), que utiliza o ritmo Saaid, originário do Alto Egito. Além da música, as danças folclóricas também possuem toda uma indumentária específica. Além das músicas orientadas para Dança do Ventre e das músicas folclóricas, existem ainda as músicas religiosas e as canções. É fundamental entender e reconhecer as características dos diversos estilos e ritmos da música árabe, para acompanhar as suas constantes alternâncias, e poder aplicá-los aos movimentos e números específicos. Algumas dançarinas apresentam-se ao som de músicas de ritmos contemporâneos, com alguma influência rítmica da dança oriental, criando performances inovadoras. Existem números nos quais o músico não segue qualquer ritmo preestabelecido, que são denominados Taqsim (ou "divisão"). Geralmente nestes números é utilizado um único instrumento. Trata-se de uma das mais belas performances, pois a dançarina e o músico improvisam, comunicando-se um com o outro através do som e do ritmo corporal, movidos pela sua própria sensibilidade. As dançarinas freqüentemente utilizam-se de instrumentos para acompanhar os músicos, principalmente os Snujs. A Dança do Ventre designa-se unicamente ao corpo feminino, enfatizando os músculos abdominais e os movimentos de quadris e tórax. Ela é praticada com os pés descalços firmados no solo, e caracteriza-se pelos movimentos suaves, fluidos, complexos e sensuais do tronco, alternados com movimentos de batida e tremido. As dançarinas orientais são consideradas diferentes, pois realizam uma "dança dos músculos", ao contrário das "danças de passos", praticadas no ocidente. Tradicionalmente, o joelho da dançarina de Dança do Ventre nunca se eleva acima do quadril. Talvez pelo fato desta dança possuir movimentos de pulsação e ondulação do ventre, tenha sido batizada de "Dança do Ventre", embora ela possua diversos outros movimentos. No aprendizado da dança do ventre, busca-se adestrar os passos, imitando um modelo a partir da repetição mecânica dos movimentos. Porém a dançarina precisa exercitar também o aspecto sensorial (conscientização e expressão), a respiração e o equilíbrio. Assim o corpo transforma-se - torna-se mais flexível, a interpretação torna-se mais harmoniosa, os movimentos tornam-se sinuosos e surgem gestos expressivos. A forma física se embeleza como um todo, e o psíquico muda simultaneamente e na mesma proporção: equilibram-se ansiedade e calma, introspeção e vivacidade. Chega-se ao reconhecimento do elo íntimo entre a mente e o corpo. A Dança do Ventre não está associada a nenhuma religião ou seita. Entende-se, porém, que um dos objetivos desta prática é retomar o contato com o Divino. A energia da dançarina, no desejo de manifestar-se, utiliza-se do corpo físico para expressar sentimentos e ir ao encontro de si mesma, buscando através dos movimentos a compreensão da Natureza Humana e o auto conhecimento. Esta arte milenar vem de encontro às mulheres que buscam não somente um exercício físico e uma forma de expressão artística, mas também um meio de explorar e entender o seu corpo, sua mente, sua alma e seu coração. É importante destacar que por mais que uma dançarina domine a técnica dos movimentos da Dança do Ventre, sua performance não atingirá a plenitude sem que consiga despertar emocionalmente a sua platéia. E isto ela só conseguirá se utilizar a sua própria emoção. Uma dançarina envolvida e emocionada é o elemento que provocará a reação entre os elementos dança, música e público. E neste momento ela atingirá a plenitude e transformará seu espetáculo num momento inesquecível para todos. Esta técnica, porém, não é ensinada nem aprendida, mas sim despertada no coração da dançarina que é capaz de amar e se entregar à sua dança. Nenhuma dançarina é igual a outra, mesmo que tenha freqüentado a mesma escola durante um intervalo de tempo igual. Isto porque a Dança do Ventre não é um sistema rígido de movimentos, mas sim um constante fluir de sentimentos, uma linguagem particular feita de gestos e expressões típicas, e de gestos e expressões particulares e íntimos, que vêm do fundo da nossa alma e do nosso coração, e se traduz em linguagem corporal dinâmica, tão natural quanto envolvente, tão física quanto energética, tão expressiva quanto misteriosa, tão singela quanto sedutora. A prática constante é fundamental para aquelas que querem se aprimorar nesta arte. É um caminho infinito, que não leva senão a um destino tão próximo quanto desconhecido: o nosso próprio Ser. A prática constante é fundamental para aquelas que querem se aprimorar nesta rte Saúde, consciência corporal, um corpo mais definido, força, flexibilidade, autoconfiança, auto estima e ritmo são alguns dos benefícios da dança do Ventre. Mas tudo isto requer trabalho, pesquisa e estudo sério. Para que se saiba exatamente o que se está fazendo, para que sejam respeitados os costumes e as características de um povo, e para que seja resgatada e mantida a sua verdadeira essência, de modo que as próximas gerações possam usufruir desta riqueza herdada pela Humanidade.
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