terça-feira, 10 de março de 2009

Dança do Ventre: a sensualidade que temos e tememos

Dora Lorch - Psicóloga
E-mail: dora-lorch@ieg.com.br
Todos os povos acham que sua cultura é o centro do universo e em contrapartida as civilizações diferentes assumem contornos exóticos, e leia-se exóticos como excitantemente diferentes. Assim os americanos - do norte- acham nossa cultura exótica: querem provar as comidas, treinam as danças, provam as roupas. O exótico nos permite experimentar nuances nossos que desconhecíamos, e quem sabe descobrir algo maravilhoso que estava escondido, mesmo que isso sejam emoções que não ousamos mexer no dia-a-dia.Este por exemplo é o fascínio das férias: um outro lugar onde parece que podemos viver qualquer coisa porque não interfere diretamente em nosso cotidiano. O filme Uma Americana em Veneza mostra isso com maestria: uma americana que se permite um romance em terras exóticas com um italiano. Será que ela permitiria tal proximidade em seu próprio pais? Será que permitiria um romance que pudesse ter raízes? Se arriscaria na sua vidinha comum?Parece que só deixamos nossos desejos e impulsos surgirem por pouco tempo, e longe do contexto de nossas vidas. Esta magia é a magia da dança do ventre: mostrar uma volúpia que normalmente não deixamos aflorar, por medo de suas conseqüências, por medo de nossos próprios desejos, por medo do julgamento da sociedade...mas que dentro deste contexto muito delimitado, pode surgir sem nos assustar. A dança do ventre é uma dança sedutora, sinuosa como as relações humanas, onde a intenção é parte velada, parte explicitada, daí a sua sensualidade. Uma dança que vai desnudando aos poucos a dançarina e suas intenções, o espectador e suas fantasias. Além disso os movimentos de quadris, o olhar entre véus, o movimento delicado das mãos e dedos, produz sensações de prazer que remonta aos primórdios de todas as espécies: a procura pelo parceiro, onde cada qual procura mostrar o seu melhor para impressionar os que a estão observando, mas tudo isso com muita poesia, beleza e discrição. Soma-se a isso nossa noção de exótico: a dança do ventre vem recheada de estórias luxuosas e enebriantes como as 1001 noites, de haréns com mulheres lindas e sensuais, sultões apaixonados e disponíveis; vem repleto de romances tórridos e conquistas acaloradas, de amor, de paixão; vem impregnado de vitória da escolhida em detrimento das demais e cada dança nos faz sentir sermos nós a preferida.Expressar estes sentimentos é profundamente marcante pois nos faz entrar em contato com nossos próprios desejos e fantasias de seduzir e ser seduzida, de possuir e ser possuída, de controlar e de se deixar levar, sentimentos opostos mas presentes nos desejos humanos. Nos faz sentir, pelo menos durante a música que somos únicas.Por que você não experimenta estas emoções? DORA MACHADO LORCH - é pós- Graduada e formada pela PUC - S.P. em psicologia clínica . Possui trabalhos apresentados em Congressos Nacionais e internacionais, sendo o último aceito pelo congresso internacional de Psicologia da Saúde realizado em final de junho/99 em Caracas sobre os temas : Birra infantil, e Insalubridade Psíquica. Nos últimos anos tem realizado pesquisas : Treinando profissionais que lidam com crianças. Sobre o " Stress", "Obesidade: qual o papel da educação" e questões relativas ao afastamento do trabalho e suas conseqüências.

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